terça-feira, 2 de abril de 2013

PERPÉTUO (por Ivan Wagner Marcon)


PERPÉTUO
(por Ivan Vagner Marcon)

... Há tempos
numa noite fria
teu aroma insinuara-me
suspiros e delírios por todo o corpo.
...
Meu agosto:
Mês em que como os cães vagara alucinada...
Que me despertaras intransponível fogo...
Aquecia-me, incendiara-me e fazia-me arder
em excessos.
...
Sedenta e desejosa...
(Como só mulheres sozinhas conseguem ser)
aguardara  em exilada necessidade teu corpo...
Tua melodia...
A repovoar-me os poros e trazer-me novamente movimento e vida...
De fora pra dentro...
...
Hoje apenas lembranças dessa mera arquitetura humana.
Saudosa...
De um silêncio fundo
e peito farto de ausências.
Moldura guardada e
abandonada ao pó...
Entoando esperas.
...
Perpétuos terra,
céu e mar silenciaram-se a teu respeito
(tanto que testemunharam tua presença em mim)
e atestam exangues meu exílio
de sonhos e presenças.
...
Entre meus ressequidos vãos
lanço-me a preparar manhãs
mas inundo-me de angústias
por tantos “eu te amo”
ditos aos ares.
...
Como se tudo ao
Todo dissesse
mas a ninguém fosse...
Como esta lágrima que pende
e apenas minha sobra fosse...
...
Como um espelho vazado, vazio e embaçado...
Sem imagem,
reflexo ou
presença.
...

A Tua.

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